Treinador João Bursi ajudou o seu Tombense a ganhar da Ponte Preta


Treinador João Bursi ajudou o seu Tombense a ganhar da Ponte Preta

Quem se prende apenas às onze camisas de equipes campineiras e os seus respectivos treinadores, deixa de reconhecer aquilo que foi feito do outro lado

Quem se prende apenas às onze camisas de equipes campineiras e os seus respectivos treinadores, deixa de reconhecer aquilo que foi feito do outro lado

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Por: , 15/07/2023

Foto: Karen Fontes

Campinas, SP, 15 – Centas vezes afirmei aqui que no futebol a validade de quaisquer análises necessariamente passam pela conferência do rendimento dos 22 jogadores em campo e postura de treinadores.

Quem se prende apenas às onze camisas de equipes campineiras e os seus respectivos treinadores, deixa de reconhecer aquilo que foi feito do outro lado.

Por que este preâmbulo?

Pra reconhecer que a surpreendente vitória do Tombense sobre a Ponte Preta por 1 a 0, na tarde/noite deste sábado em Campinas, teve muito a ver com a estratégia montada pelo treinador João Burse, da equipe mineira.

Aos 41 anos de idade, natural de Estiva Gerbi, proximidade de Mogi Guaçu, ele mostrou ao treinador da Ponte Preta, Felipe Moreira, como se estuda o adversário para se colocar em prática proposta para engessá-lo.

ABAIXAR AS LINHAS

Sim, ele abaixou as linhas de marcação de sua equipe, com postura de até cinco jogadores na defensiva, quando atacado, devido ao recuo do volante Bruno Silva entre os zagueiros.

Claro que não foi só isso.

A vigilância na cabeça da área foi feita por três volantes, que colocaram em prática eficiência na marcação, mas, com o Tombense de posse de bola, Matheus Frizzo e João Pedro se soltaram ao ataque, na tentativa de organização de jogadas.

TALES E PAULO BAYA

Acrescente que o treinador João Bursi teve a clara percepção sobre os últimos jogos bem-sucedidos da Ponte Preta, que passaram por jogadas pelos lados do campo, através dos atacantes Tales e Paulo Baya.

Logo, imaginou ‘matá-las no ninho’ prendendo os seus laterais Pedro Costa e Émerson, na maioria das vezes, coadjuvados com frequentes recuos dos atacantes de beirada Rafinha e Marcelinho, que fizeram dobra de marcação nos avanços dos pontepretanos pelas beiradas.

Assim, sem espaço para penetração, a alternativa ofensiva da Ponte Preta foi abusar dos ‘chuveirinhos’, rechaçados quase que integralmente pelo Tombense.

Um dos raros descuidos foi permitir que o atacante pontepretano Igor Torres ficasse livre em bola cruzada, aos 31 minutos do segundo tempo, mas, na cabeçada, a bola foi para fora.

SAÍDA DE BOLA

Se é praxe equipes com postura defensiva abusarem de chutões de trás, para se livrarem da bola, o Tombense fez exatamente ao contrário.

A valorização de saída de bola passava necessariamente pelo bom passe do experiente Bruno Silva, e assim o time conseguia levá-la, de forma trabalhada, até o chamado último terço do campo, porém sem eficiência para complemento, exceto em dois lances do segundo tempo.

Aos seis minutos, Marcelinho cruzou e, na finalização de Rafinha, a bola ‘beijou’ o poste direito.

Depois, o mesmo Marcelinho, mais efetivo no segundo tempo, voltou a cruzar rasteiro, com falha do zagueiro pontepretano Edson, na tentativa de interceptação, e oportunismo do meio-campista João Pedro para chutar de forma indefensável ao goleiro Caíque França, aos 39 minutos.

MAÍLTON

Quando o lateral Maílton substituiu o meia Matheus Jesus aos 12 minutos do segundo tempo, a Ponte Preta havia se aproximado da área do Tombense no gol invalidado do centroavante André, flagrado em impedimento aos 42 minutos e, em seguida, na cabeçada fraca do meia Matheus Jesus, onde se encontrava o goleiro Felipe Garcia para a defesa.

Como Maílton tem se posicionado no lado esquerdo do campo, com propósito de fazer a diagonal através da sequência de dribles, a Ponte Preta passou a ganhar ‘fôlego’ ofensivo, mas habilmente o treinador Bursi reforçou a marcação por ali, e as jogadas do lateral foram rareando.

A rigor, não se entende como Maílton não tem camisa num time que carece de jogadores com capacidade para penetrar com bola dominada, em rigoroso sistema de marcação adversário.

Enquanto isso, admite-se a lentidão e ineficiência de Matheus Jesus e falta de mobilidade do meia Élvis, quando entra no jogo.

Dele, espera-se um ou outro lançamento eficiente ou lance de bola parada. Convenhamos: muito pouco numa Série B competitiva como esta.

Portanto, quando se vê de um lado um treinador que pensa o jogo e sabiamente coloca em prática o desenho, como Bursi, lamenta-se que Felipe Moreira deixe os seus atacantes de beirada Paulo Baya e Tales encaixotados, quando o indicado seria puxá-los por dentro como alternativa para confundir a marcação adversária.

Afora isso, desafina quem afirma que faltou entrega, disposição ao time pontepretano.

Que a boleirada correu, isso ficou claro. Só que no futebol precisa-se mesclar correria com sabedoria. 

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Por: , 15/07/2023